Eleições: crescimento evangélico tem levado candidatos a formular propostas a partir de princípios bíblicos
As eleições deste ano serão pautadas por temas municipais, porém candidatos ligados a partidos ou correntes políticas que são favoráveis a temas como aborto e casamento gay tem sofrido com a rejeição de lideranças evangélicas.
O crescimento da população que professa a fé cristã com doutrina evangélica tem feito com que diversos candidatos estabeleçam suas propostas a partir dos princípios morais estabelecidos pela Bíblia.
Em Manaus, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB – AM) tem sofrido forte rejeição por parte dos evangélicos por ter defendido a tramitação do PLC 122 em regime de urgência, e sua discussão diretamente no plenário, ao invés da tramitação pelas Comissões da casa. Por isso, seu nome não tem sido bem visto pelo eleitorado evangélico e seu comitê de campanha procurou lideranças evangélicas numa tentativa de esclarecer as circunstâncias: “Os adversários é que tentam atribuir a ela posição sobre o tema. Ela sequer estava presente na votação do projeto na comissão do Senado”, defende o senador Eduardo Braga (PMDB – AM), padrinho da candidatura de Vanessa.
A deputada federal Manuela D’ávila (PCdoB – RS), candidata a prefeita de Porto Alegre, tem tentado minimizar a força do atual prefeito, José Fortunatti (PDT), junto ao eleitorado evangélico, fechando alianças com pastores da cidade. Fortunatti é evangélico e durante a última edição da Marcha para Jesus na cidade, declarou que “o Senhor Jesus está no comando da cidade”, de acordo com informações do site do jornal O Globo.
O ex-ministro da Educação Fernando Haddad é candidato à prefeitura de São Paulo e tem enfrentado resistência de lideranças e eleitores evangélicos por sua iniciativa quando ministro, de lançar o kit gay nas escolas brasileiras.
Esse debate a partir dos princípios defendidos pelos evangélicos já havia alcançado discussões a nível nacional durante as eleições presidenciais de 2002 e 2006, e tornou-se ponto central do debate entre os três principais candidatos na eleição de 2010, quando Marina Silva (à época do PV), José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) foram obrigados a se posicionarem sobre temas como aborto e homofobia.
A ex-senadora Fátima Cleide (PT-RO), que foi relatora do PL 122 na legislatura passada, não conseguiu se reeleger ao Senado e agora tenta vencer a eleição para a prefeitura de Porto Velho, acredita que a discussão nessas eleições não serão baseadas nos princípios morais adotados pelos evangélicos, mas sim, pelas necessidades de cada cidade: “O fundamentalismo religioso existe e também o fundamentalismo eleitoreiro, que se aproveita do conservadorismo religioso. Mas acho que, neste ano, essa bandeira não vai vingar”, aposta Cleide.
O deputado federal Jean Wyllys reclama da forma como a visão de princípios dos evangélicos é usada na política: “Essa difamação está quase sempre sustentada em calúnias, principalmente pelas redes sociais. Eles (os políticos) distorcem os fatos e criam um pânico moral. Um pastor ou padre dizer que homossexualismo é pecado, o que é um dogma da igreja, é diferente de difamar”, afirma, fazendo referência ao uso do tema por políticos que difamam seus adversários.